O mundo cegou. Cegou de uma maneira tal que as pessoas não se vêem umas às outras, apenas ao seu próprio umbigo. E isso a mim passa-me ao lado, a mesquinhez do desdém do vizinho.
O mundo lá fora não me diz nada, não me atrai, não me motiva...A melhor é a minha cama! Essa permite-me, inanimada, concretizar todos os meus sonhos, torná-los reais.
Apetece-me dormir para sempre, a sério. Chamem-me só quando as coisas mudarem... Chamem-me só quando a cor da pele não for importante. Chamem-me só quando as marcas deixarem de ter algum valor para a vida social. Chamem-me só quando pisar os outros deixar de ser diversão. Chamem-me só quando a paz se sobrepuser à guerra.
Chamem-me quando o futebol deixar de ser o desporto rei. Chamem-me quando a corrupção não reger a política. Chamem-me quando o sexo masculino deixar de escolher as raparigas pelo peito ou pelo rabo. Chamem-me quando deixar de haver vacas a fazer-se ao namorado das outras. Chamem-me quando a homofobia deixar de existir. Chamem-me quando distribuir comida e outros nos países mais pobres for mais importante do que construir o maior edifício do mundo. Chamem-me quando tiver as pessoas que amo perto de mim. Chamem-me quando tudo estiver simplesmente diferente....